Por: Claudia Souza
A Constituição Federal de 1988 é o pilar do Estado Democrático de Direito no Brasil, estabelecendo princípios fundamentais que devem guiar a atuação dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Entre esses princípios, destacam-se a legalidade, a moralidade, a impessoalidade, a publicidade e a eficiência, essenciais para garantir a justiça, a transparência e a ética na gestão pública. Contudo, o cenário político recente tem revelado práticas que contrariam esses preceitos, levantando preocupações sobre a integridade das instituições democráticas.
Este artigo examina os princípios constitucionais violados, apresenta exemplos concretos de crimes contra a Constituição e fornece referências que sustentam essas denúncias.
1. Legalidade Comprometida
O princípio da legalidade determina que nenhum ato administrativo ou judicial pode ocorrer além ou contra o que está previsto em lei. Contudo, o ativismo judicial tem sido um dos aspectos mais polêmicos do Judiciário brasileiro, caracterizando-se pela interpretação extensiva ou criativa de normas.
Caso das Prisões Preventivas Prolongadas: A manutenção de pré-detenções sem julgamento regular foi amplamente criticada. Um exemplo notável é o caso do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), cuja prisão foi decretada por crime de opinião, configurando uma possível violação do art. 53 da Constituição, que garante a imunidade parlamentar.
2. Imparcialidade e Impessoalidade em Xeque
O princípio da impessoalidade exige que o Estado não favoreça ou persiga indivíduos ou grupos. Entretanto, observa-se uma crescente politização das decisões judiciais.
Seleção de Investigações: A operação Lava Jato trouxe à tona casos de corrupção de grande envergadura, mas também foi criticada pela seletividade na escolha de alvos, como apontado pela Agência Pública. Críticos afirmam que adversários políticos foram priorizados, enquanto aliados tiveram seus casos desconsiderados.
3. Falta de Moralidade e Transparência
O princípio da moralidade exige conduta ética e proba na administração pública. Além disso, a publicidade garante a transparência dos atos públicos, essencial para o controle social.
Sigilo de 100 Anos em Documentos Públicos: Durante o governo de Jair Bolsonaro, diversas informações foram colocadas sob sigilo por 100 anos, como dados sobre vacinas e encontros presidenciais. Embora legalmente permitida em certos casos, essa prática foi amplamente criticada por restringir o acesso da população à informação.
Declaração de Conflito de Interesses do Ministro de Minas e Energia:
- Descrição: O governo negou acesso à Declaração de Conflito de Interesses (DCI) apresentada pelo ministro Alexandre Silveira ao assumir o cargo, alegando que o documento continha dados pessoais protegidos por sigilo.
Agenda da Primeira-Dama, Janja da Silva:
- Descrição: Informações relacionadas à agenda da primeira-dama foram colocadas sob sigilo de 100 anos, justificando-se a proteção de dados pessoais.
Comunicações Diplomáticas sobre o Caso Robinho:
- Descrição: Comunicações diplomáticas referentes ao ex-jogador Robinho, condenado por estupro na Itália, foram protegidas por sigilo de 100 anos, sob a justificativa de conterem informações pessoais.
É importante notar que, apesar de o governo Lula ter criticado anteriormente o uso excessivo de sigilos em gestões anteriores, especialmente durante o governo de Jair Bolsonaro, algumas práticas semelhantes foram adotadas.
Para uma análise mais aprofundada sobre o uso do sigilo de 100 anos e as discussões em torno da transparência governamental, recomenda-se consultar as fontes mencionadas e acompanhar as atualizações legislativas e políticas sobre o tema.
Decisões Sigilosas do STF: O Supremo Tribunal Federal adotou sigilo em diversas decisões controversas, como no Inquérito das Fake News, dificultando o controle social.
4. Eficiência e Razoabilidade Negligenciadas
A eficiência exige o uso racional dos recursos públicos e a busca de resultados positivos. A razoabilidade, por sua vez, assegura que as decisões sejam proporcionais ao caso.
Exemplo:
Inquéritos Eternos: O Inquérito das Fake News, instaurado em 2019, segue sem conclusão clara até hoje, consumindo recursos e gerando insegurança jurídica.
Morosidade em Ações Cruciais: Processos de corrupção frequentemente se arrastam por anos, prejudicando a recuperação de recursos e a aplicação da justiça. Fonte: Revista Época.
Sendo assim, as violações aos princípios constitucionais não são apenas problemas técnicos ou administrativos; elas comprometem a própria democracia. O Brasil enfrenta desafios enormes na reconstrução da confiança nas instituições e no respeito ao Estado de Direito. Denúncias de arbitrariedades, perseguições políticas e ineficiência só reforçam a necessidade de um debate amplo e transparente sobre a responsabilidade dos três poderes.
Reverter esse cenário demanda uma sociedade vigilante, um controle social robusto e reformas institucionais que reforcem os pilares democráticos. Enquanto a Constituição Federal seguir sendo desrespeitada, o Brasil continuará convivendo com as sombras da insegurança jurídica e do descrédito institucional.
Sigilo de 100 Anos em Documentos Públicos:
"O que Bolsonaro colocou em sigilo de 100 anos?""Governo Lula quebra primeiro sigilo de 100 anos decretado por Bolsonaro; relembre outros casos que estão na lista"
Inquérito das Fake News:
Morosidade em Ações de Corrupção: "Governo
Lula impõe sigilo de 100 anos e nega acesso a documento com dados de ministro"