Por: Claudia Souza
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta um crescente desgaste político e moral por sua hesitação em tratar as recentes fraudes eleitorais na Venezuela pelo nome que elas realmente merecem: uma ditadura. Nicolás Maduro, que se autoproclamou vencedor das eleições de julho de 2024, vem sendo amplamente acusado de manipular o processo eleitoral, suprimindo as vozes da oposição e utilizando o aparato estatal para reprimir violentamente os manifestantes que se atrevem a contestar os resultados das urnas. No entanto, ao invés de condenar o regime de Maduro e se posicionar firmemente em defesa da democracia, Lula opta por uma postura de silêncio e conivência. A omissão de Lula é particularmente grave, dado que ele construiu grande parte de sua reputação política em torno da defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos. O fato de ele não só evitar criticar Maduro, mas também continuar a chamá-lo de "amigo", mesmo diante de evidências claras de fraude e repressão, mancha sua credibilidade e levanta sérios questionamentos sobre sua coerência política.
O Partido dos Trabalhadores (PT), que Lula fundou e lidera, já se manifestou em favor de Maduro, minimizando as acusações de fraude e exaltando a "legitimidade" do processo eleitoral venezuelano. Essa postura reflete um alinhamento ideológico ultrapassado e perigoso, que ignora a realidade vivida pelo povo venezuelano sob um regime autoritário. A repressão crescente, que inclui prisões arbitrárias, tortura e assassinatos de opositores, deveria ser motivo de repúdio imediato por parte de qualquer líder que se pretenda defensor da democracia. Lula, no entanto, permanece inerte, talvez preso a antigas lealdades políticas ou simplesmente incapaz de reconhecer que o chavismo de Maduro se distanciou completamente dos ideais de justiça social que um dia inspiraram a esquerda latino-americana. Sua recusa em chamar a Venezuela de ditadura é uma traição aos princípios democráticos e um sinal de que Lula, em seu terceiro mandato, pode estar mais preocupado em manter alianças políticas do que em defender os valores que sempre afirmou prezar.
Essa omissão não passa despercebida na arena internacional. A credibilidade de Lula como um líder global capaz de mediar conflitos e promover a democracia está seriamente comprometida. Ao não denunciar Maduro, Lula envia uma mensagem perigosa de que a repressão e a manipulação podem ser toleradas, desde que venham de aliados ideológicos. Isso não só enfraquece a posição do Brasil no cenário internacional, mas também desrespeita os milhões de venezuelanos que sofrem sob a tirania de Maduro.
Se Lula deseja realmente ser um defensor da democracia, é imperativo que ele se posicione com clareza e coragem, chamando a Venezuela pelo que ela se tornou: uma ditadura. A história não será gentil com aqueles que, diante da opressão, escolheram o silêncio. E Lula, ao se recusar a reconhecer a realidade venezuelana, arrisca-se a ser lembrado não como um herói democrático, mas como alguém que falhou em agir quando a democracia mais precisava de sua voz.
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